Naquela manhã frienta de seis de maio de 1964 os conquistenses acordaram com um pressentimento diferente em seus corações. A neblina deslizava como fumaça caída da Serra do Periperi e invadia as principais ruas e periferias da cidade. Esparramava seus fios finos no horizonte entre o Parque de Exposições; na final da Avenida Getúlio Vargas, em direção à Barra do Choça; no ponto do “Gancho” da zona sul, que leva à Itambé; e abraçava o outro lado oeste, na “Boca do Sertão”, com destino a Anagé e Brumado. A abertura deste texto está no capítulo “O Cerco dos Fuzis na Terra do Frio”, extraído do livro “Uma Conquista Cassada”, do escritor e jornalista Jeremias Macário, que relata o fato histórico, infelizmente esquecido pelos conquistenses, sobre como se deu, logo no início, o desdobramento da ditadura civil-militar- burguesa de 1964, culminando com a cassação do prefeito José Pedral Sampaio, eleito pelo povo, em 1962. O impedimento arbitrário de Pedral, com a força das armas, na 30ª sessão extraordinária da Câmara Municipal de Vereadores, que está completando 61 anos, interrompeu o avanço econômico e social de Conquista, naquela época com 45 a 50 mil habitantes na zona urbana. Contra a oligarquia de Gerson Salles e os poderosos da cidade, Pedral venceu Jesus Gomes e se tornou no prefeito mais jovem e popular de Vitória da Conquista. Confira o artigo de Jeremias Macário de Oliveira.
As elites financistas (banqueiros), os empresários do agronegócio e o Congresso Nacional são os três maiores cancros e sanguessugas do Brasil. Estas categorias juntas são as maiores culpadas pelo profundo índice de desigualdade humana e dominam todas as decisões do país, além de controlar nos bastidores os presidentes da República. Estas classes egoístas agem como se fossem antigos coronéis e impedem que haja uma distribuição de renda entre os brasileiros porque elas só pensam em si mesmas, em cada vez mais se enriquecer e encher seus bolsos de dinheiro. Poucos ligam para o povo que é tratado como marionete ou joguete em suas mãos. Infelizmente, estes cancros a que me refiro, simbolizam o atraso do Brasil desde os tempos coloniais. São eles, na verdade, os três maiores poderes que colocam e tiram governos quando bem entendem. Em nosso sistema presidencialista falso, o presidente apenas faz de conta que governa, e a população é usada como bucha de canhão. Continue a leitura.
Dizem que é um maluco, tirano, ditador ou monstro que quer ser monarca imperador. Arvora-se a ser presidente do planeta com seus decretos destrutivos, excludentes, homofóbicos, xenófobos e racistas. É uma ameaça à sua própria República, como foi o romano Júlio César nos anos 40 a.C. que queria ser rei. Em seu favor, conta com um monte de seguidores e apoiadores bilionários, como o Hitler nazista. Mais maluco foi quem nele votou e criou a criatura maligna do fim do mundo, justamente aqueles que foram menosprezados e considerados como lixo humano. Não foi por falta de aviso porque ele expôs todas suas maldades durante a campanha eleitoral. Um cara que quer anexar o Canadá, tomar a Groelândia e o Canal do Panamá só pode ser um louco. Por que essas vítimas de exclusão votam em seus próprios algozes do tipo nazifascistas com índole de destruição dos mais fracos e menos assistidos pelo Estado, como tem ocorrido no Brasil? Será a Síndrome de Estocolmo onde o sequestrado passa a ter afeto pelo sequestrador, ou a humanidade deixou de acreditar nos governos passados que muito prometeram e pouco fizeram?
Quando chegar, não esquece de mandar um cartão postal. Os mais velhos se lembram bem dessa recomendação quando algum familiar, amigo, namorado ou namorada viajavam para uma cidade distante ou uma capital, no caso Salvador, que muitos chamavam de Bahia ou Baia. A viagem era sempre aguardada com muita ansiedade. Na véspera nem se conseguia dormir direito. As viagens, em sua grande maioria, eram feitas de ônibus em estradas de cascalho e demoradas, umas com o propósito de passeio e outras até mesmo para ficar de vez na casa de um parente para arrumar um trabalho e melhorar de vida porque o interior pequeno era muito acanhado e não oferecia condições de crescimento. E as malas de couro cru! Cabia tudo dentro. Continue a leitura do artigo de Jerêmias Macário de Oliveira.
Na história da humanidade, todo golpe, seja de direita ou de esquerda, é marcado com banho de sangue, no início ou durante o processo do regime implantado. A tentativa brasileira, agora denunciada pela Polícia Federal, começaria por eliminar os três principais representantes dos poderes executivo, o presidente e o vice, e um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Esse procedimento tirânico e sanguinário é muito parecido com os golpes que costumeiramente acontecem em certos governos africanos. É também semelhante aos russos na Revolução de 1917 com a família do czar Nicolau II e depois com o próprio Lenin. Existe uma tese de que Lenin tenha sido envenenado a mando do próprio Stalin. Leia na íntegra.
Um amigo meu perguntou quantos índios participaram do chamado “banquete da morte”, tramado pelo explorador e fundador da Vila Imperial da Conquista, João Gonçalves da Costa, que depois de uns entreveros com os nativos lá pelos idos de 1790 resolveu dar uma farra de muita comida e bebida para acalmar os ânimos. A princípio os índios desconfiaram da generosidade incomum do João, mas após longas conversações e encontros, os mongoiós, que eram seus aliados mais próximos, convenceram as outras tribos a aceitarem o convite. Essa intermediação não foi fácil e demandou um bom tempo. Suas aldeias não ficavam perto daqui. Uns falam em lenda e outros em verdade, mas vou contar como aconteceu toda história porque estava aqui na época e, como jornalista correspondente do jornal A Tarde, fiz a cobertura dessa tragédia, tendo ao lado meu colega companheiro fotógrafo José Silva, o famoso “Zé” dos estilingues certeiros e bom no manejo das lentes. Leia a íntegra.
Como no Campeonato Brasileiro de Futebol, a esquerda, principalmente o PT, nestas eleições municipais pelo Brasil a fora, ficou na zona de rebaixamento e foi direto para a Série B, isto porque não atualizou seu time aos novos tempos e seus “técnicos” enrustidos radicais ficaram falando a mesma linguagem dos anos 80 e 90. Os ouvintes e seguidores cansaram. O PT, que ficou nas últimas colocações da tabela, quase na lanterna, em número de prefeito eleitos no Brasil, nunca quis fazer uma autocrítica dos seus erros quando passou da cachacinha para o uísque, especialmente a partir dos acontecimentos do mensalão e da Operação Lava-Jato que passaram a repercutir e a influenciar negativamente para que houvesse esse montão de rejeições. Não foram somente esses fatos que levaram o PT e a esquerda como o todo ao rebaixamento, conforme ficou patente na resposta do povo. O discurso ficou caduco e a comissão técnica, juntamente com seus jogadores de idade avançada, esqueceram suas principais bases, ou seus torcedores que, cansados e revoltados, começaram a esvaziar os estádios. Deu no que deu. Continue a leitura.
Diante do cenário de calmaria que observamos, a sensação que temos é que a cultura de Vitória da Conquista vai muito bem, aquele abraço! É um céu de brigadeiro, ou um mar de almirante! Como diz o professor Dirlei Bonfim, é tudo melancólico e triste de se ver. Alguma reaçãozinha ali e outra acolá, e o resto é cada um por si, tocando num barzinho de final de semana para ganhar uma merreca de gorjeta, fazendo um teatrinho, lançando um livrinho, uma exposiçãozinha e declamando sua poesia com palavrório de intelectual e “doutor” do universo literário. Outros se contentam com os editais das Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, para pegar uma graninha do audiovisual e alguns projetos noutras linguagens artísticas, de olho nas cotas das políticas públicas. Se temos editais, para que reclamar mais. Leia a íntegra da opinião de Jermias Macário.
Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor
Confesso que me sinto desolado, triste, derrotado, frustrado e decepcionado com o resultado pessoal depois de uma campanha limpa, diferenciada, de luta, ética e seriedade, percorrendo ruas e bairros desta cidade. Neste momento que escrevo este texto, as únicas palavras que tenho para reproduzir é que a política não é mais para os bem-intencionados porque a esquerda perdeu suas origens e abandonou suas bases. O pior de tudo é que essa própria esquerda, principalmente o PT, resiste em não fazer uma autocrítica, e os enrustidos fanáticos permanecem em seguir um caminho ultrapassado e não aceitam enxergar o espaço que a direita e a extrema avançaram. Essa própria direita aprendeu com a esquerda e aperfeiçoou seus métodos de políticas públicas sociais.
Não mais conta esse assistencialismo das cestas básicas e do Bolsa Família. O Lula de hoje não é mais o mesmo dos tempos passados que corria trechos do nosso Brasil, especialmente no Nordeste, carregado pelas multidões e tinha a “vara de condão” para mudar e reverter qualquer campanha correligionária que estivesse em baixa. Com uma aprovação em queda pela polarização ideológica, ele passou o tempo todo fazendo política externa e nem foi a São Paulo na reta final apoiar pessoalmente o Guilherme Boulos, do PSOL, cujo partido aqui em Vitória da Conquista praticamente deixou de existir. O mais desolador é que depois de uma eleição dessa, cada um toma seu rumo, e o partido simplesmente desaparece na fumaça. Confira a íntegra.
Esse assunto tem sido muito debatido por mim aqui em nosso canal e em eventos diversos. Até entendo que deveria estar na ordem do dia porque é de suma importância para nossa terceira maior cidade da Bahia com mais de 300 mil habitantes. A verdade é que a nossa cultura foi enterrada pela administração atual, sem rituais fúnebres. O candidato da oposição nestas eleições tem que ter um compromisso forte em seu programa de governo para com a nossa cultura, não apenas uma referência secundária, para dizer que não falou no tema. Existe uma expectativa muito grande por parte dos artistas em geral, dos intelectuais e da população quanto ao resgate da nossa cultura. Confira na íntegra.
É muito difícil ou fácil falar de um amigo do peito e irmão que partiu para outra dimensão e nos deixou aqui com a dor da saudade, que só nos alivia quando o outro também seguir o seu destino. A morte é a nossa carrasca que nos acompanha desde o nascimento. O sentimento, às vezes, é bem mais forte que o de certos parentes, tipo daqueles que sempre está mordendo a gente. Difícil porque é uma perda irreparável e fácil pelo seu gesto simples, educado e amável de tratar as pessoas. Estou me referindo ao amigo-irmão Carlos Gonzalez Passos com quem convivi por muitos anos desde a redação do jornal A Tarde, em Salvador, e após ele ter vindo morar em Vitória da Conquista há mais de 10 anos. Confira o artigo de Jerêmias Macário de Oliveira.
Mais uma noite memorável no Sarau A Estrada movimentou o Espaço Cultural de mesmo nome, no último sábado (12). O encontro teve como tema principal “A Coluna Prestes e seus desdobramentos políticos” , apresentado em uma instigante palestra do companheiro Eduardo Morais. Mais de 30 pessoas participaram da atividade, entre jovens, artistas, intelectuais, professores e entusiastas da cultura. Os trabalhos começaram com Dal Farias, membro da comissão organizadora. Na sequência, o jornalista Jeremias Macário e sua esposa Vandilza Gonçalves anunciaram a mudança para uma nova residência, garantindo a continuidade do Sarau, que completa 15 anos de trajetória cultural. Jeremias aproveitou a ocasião para prestar homenagem ao ativista cultural Massimo Ricardo De Benedictis, com um minuto de silêncio. Ricardo, falecido na semana anterior, deixou legado importante na cultura de Vitória da Conquista, com projetos e eventos significativos. Cleu Flor, presidente da comissão, compartilhou informes sobre a prestação de contas do fundo de arrecadação e o andamento do processo de registro oficial do Sarau em cartório. Durante sua exposição, Eduardo Morais traçou um panorama histórico e político da Coluna Prestes, surgida a partir do movimento tenentista de São Paulo, em 1918.
A marcha começou em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, sob a liderança de Luiz Carlos Prestes, percorreu mais de 25 mil quilômetros pelo interior do país e encerrou no Sul do Mato Grosso, por volta de 1927/28, quando os integrantes se dispersaram e seguiram para a Bolívia, em meio à perseguição do governo de Venceslau Brás. Inspirado pelas ideias socialistas da Revolução Russa de 1917, o movimento defendia reformas sociais e educacionais. A Coluna enfrentou o coronelismo e as injustiças sociais que afetavam o sertanejo urbano e rural. Coronéis da época espalharam boatos sobre violência praticada pelo grupo, o que gerava medo nas cidades por onde passavam.
Eduardo também lembrou da Semana de Arte Moderna, em 1922, em São Paulo, liderada por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, entre outros. O movimento, chamado de “antropofágico”, valorizava as artes nacionais e defendia a liberdade cultural e democrática. Na Bahia, a Coluna passou por cidades como Condeúba e Mucugê. Muitos combatentes morreram nas batalhas contra as tropas do governo. Restaram poucos ao chegarem ao Mato Grosso. Prestes seguiu para a Bolívia e depois se exilou na União Soviética. Viviane Gama prestou homenagem às mulheres, destacando seus enfrentamentos por igualdade. Relembrou o tempo em que eram vistas apenas como donas de casa e reforçou que muitos direitos ainda precisam ser conquistados.
Após os debates, o músico, poeta e compositor Manno Di Souza iniciou as apresentações, acompanhado por Alisson Menezes, Dorinho Chaves e Alex Baducha. Como sempre no Sarau, abriu-se uma rodada de declamações de poemas autorais, oferecendo espaço à expressão artística de todos. A noite seguiu em clima de confraternização, com comes e bebes, trocas de ideias e partilha de saberes. Ao longo de seus 15 anos, o Sarau A Estrada consolidou-se como espaço de convivência, liberdade e respeito às diferenças ideológicas. Participantes registraram o evento em mensagens no grupo. Cleide destacou a luz da lua cheia e a alegria dos benfeitores da cultura. Humberto descreveu o ambiente como pleno de paz e harmonia, e elogiou a escolha do tema, ainda pouco abordado no cotidiano, mas atual diante do cenário vivido no Brasil. Dal Farias celebrou a trajetória do Sarau, marcada por aprendizados, encontros e emoções. Em um momento comovente, Jeremias e Vandilza anunciaram a mudança para um novo ambiente e agradeceram pelas experiências vividas no espaço acolhedor, repleto de adereços, livros e a conhecida coleção de chapéus. O Sarau A Estrada segue adiante, com novos caminhos, encontros e memórias. Vida longa ao Sarau. As informações são do jornalista e escritor Jerêmias Macário de Oliveira.