Paulo Pires
Complexo de Vira Lata
Nosso amigo Francisco Silva, conquistense e curitibano ao mesmo tempo, enviou uma bela reflexão do Frei Leonardo Boff sobre o episódio envolvendo nossa diplomacia e a turca, em busca de uma solução para o enriquecimento de Urano feito pelo governo do senhor Mahmoud Ahmadinejad (Irã). Na reflexão o Frei, criador da Teologia da Libertação, coerente com a sua pregação faz um sobrevôo interessantíssimo sobre as editorias de nossa grande imprensa (por ele denominada de “imprensa comercial”). Realmente, nossa grande imprensa – também denominada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, como Imprensa Golpista – merece tomar uns puxões de orelha. Como é que uma imprensa de um País pode defender que a sua Pátria deva viver infinitamente sob o complexo de ser e viver como uma Nação de segunda categoria? Isso é coisa que se recomende? Nossa imprensa, a comercial, propaga com o maior cinismo que o Brasil “deve saber qual é o seu lugar”. É razoável uma coisa dessas? Já não basta as grandes potências por séculos e séculos nos colocarem na condição de figurantes? Isso é pouco? Mas eis que nossa “Grande Imprensa” [não se sabe por conta de quem] exige do Governo Brasileiro que “se enxergue”. Isso mesmo: Se enxergue, porque senão dona Hilary ou o senhor Obama e outros poderosos de plantão “podem não gostar”. Como dizia o admirado Nelson Rodrigues: “O Brasil precisa acabar com esse complexo de Vira Lata”. Diríamos ao Nelson que se nos dobrarmos à nossa Grande Imprensa continuaremos pelo resto da vida sendo Vira Lata, daqueles de rua, sujos, sem dono, triste e esfomeado para sempre. Recomendo aos leitores buscarem no Google o artigo do Frei [A saudade do servo na velha diplomacia brasileira]. Tenho certeza que após lerem, os leitores, mesmo aqueles politicamente acríticos, verão onde nos imergiram e onde querem que continuemos atolados. Essa Grande Imprensa brasileira é uma tristeza…